“Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra
em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Fp
1.6)
Neste exato momento há uma intensa obra divina em atividade, e
você está bem no meio dela. Um dia, aquele ser frágil, problemático e
insignificante chamou a atenção do Todo Poderoso, e agora Ele não tira os olhos
de você.
Não foi você que buscou a Deus ou que o encontrou. Foi Ele que o
achou. Deus é o iniciador de tudo. Não há mérito em nenhum de nós. Ele nos viu
caídos, ansiosos, desamparados, viu a nossa maldade e egoísmo, mas vislumbrou em
nós pessoas que seriam expressões vivas da sua glória, sabedoria, amor e
bondade.
É de se admirar porque Deus dentre tantas nações escolheu o povo
de Israel para ser o seu povo e honrá-lo. Não foi por mérito, não foi por
grandeza, mas porque o Senhor os amou (Dt 7.8).
Quando Deus nos olha Ele não nos vê apenas como somos ou como
fomos, mas como seremos. João já dizia isso: “Amados, agora somos filhos de Deus
e ainda não se manifestou o que havemos de ser” (1Jo 3.2). Aliás, vemos na
Bíblia que Deus tem muito pouco interesse no nosso passado, e faz questão de
dizer que de nossos pecados não se lembrará mais. Talvez essa seja uma dica
importante para muita gente que não percebe o que Deus está fazendo e continua
insistindo em olhar para trás, enquanto a bíblia diz para olhar “firmemente ao
Autor e Consumador da nossa fé, Jesus”. Portanto, não é o que fomos que
interessa, mas o que seremos, da mesma forma que a vida de um cristão não se
avalia pelo início, como começa – pois quase sempre é cheio de fogo de palha –
mas pelo final, como termina.
Deus chama para si a tarefa de iniciar um projeto de vida em
nós. Aquele que iniciou também prometeu que será o aperfeiçoador. E só Ele pode
fazê-lo. Tudo o que há de bom em nós vem pela operação divina, pois é Ele quem
opera em nós tanto o querer como o efetuar segundo a sua boa vontade (Fp
2.13).
Quando eu quero algo bom, Deus desejou em mim. Meus sentimentos
mais profundos foi Deus que implantou em mim. Agostinho diz que nós desejamos,
mas é Deus quem implanta esse desejo. Agimos, mas é Deus que age em
nós.
Lembro-me de um filme famoso chamado “My fair lady”, que conta a
história de uma miserável vendedora de flores de nível baixíssimo. Ela é
irritante, chorona e insuportável. Em um dia chuvoso aparece em sua vida um rico
professor que faz uma aposta com um amigo: ele garante que consegue transformar
aquela garota sem “finesse” e de linguajar chulo em uma bela e delicada dama.
Depois de alguns meses de aula e paciência do professor, aquela bela jovem,
porém maltratada e inculta, transforma-se numa adorável mulher, que de
desprezada, passa a ser cortejada por todos.
Às vezes eu tenho a impressão que Deus continua sempre
“apostando” em mim, apesar de eu mesmo já ter tentado desistir inúmeras vezes. É
como se Ele me dissesse: - “Não desista! Eu ainda não acabei”.
Você já se sentiu imprestável, incorrigível, impuro, carnal, a
pior das criaturas? Tranqüilize-se – apesar de às vezes ser a mais pura verdade,
mesmo assim Ele não desiste de você.
As coisas que nos acontecem nos parecem incompreensíveis no
momento – obstáculos, derrotas, pequenas humilhações, mal-estar interior,
desassossego de alma.... Não se preocupe, pois está em andamento um projeto de
maturidade para sua vida que aos nossos olhos é incompreensível pois só
enxergamos parcialmente. A nossa vida, às vezes é como o mecanismo daqueles
relógios antigos, onde algumas engrenagens rodam para trás, outras para frente,
outras são rápidas, outras vagarosas.... Não vemos lógica alguma ao olharmos
para as engrenagens, mas o relógio está caminhando perfeitamente.
Há propósitos soberanos e graciosos de Deus para sua vida. Ele
pretende aperfeiçoá-lo, amadurecê-lo, torná-lo mais santo, mais fiel, mais
sereno. Esses propósitos de Deus muitas vezes se concretizam de forma dolorosa.
Haveremos de ser moídos, apertados, peneirados e espezinhados. A nossa primeira
reação é de fuga. Queremos fugir como Jonas ou nos esconder como Elias, mas mais
cedo ou mais tarde Deus nos levará a reconhecemos a nossa covardia.
Deus não desistiu de Pedro quando O negou. Não desistiu de Davi
quando adulterou. Não desistiu de Jacó quando enganou. Não desistiu de seu povo
quando se desviou. E não desistirá de você enquanto Ele não terminar a obra,
pois o que Deus começa... termina.
Júlio César Barbosa.
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