Leitura
Bíblica: 2 REIS 6.8-23)
Visão de Deus: é o que precisamos em dias como os
de hoje. Dias em que sofremos tantas perseguições e tribulações; dias em que
muitas pessoas olham para as igrejas e seus dirigentes com desconfiança (e
existem razões para fazerem isso); dias em que a opção de muitos é pela
desistência ou descrença em Deus. Sobretudo, é preciso visão de Deus para
reconhecer que “mais são os que estão conosco do que os que estão com eles”.
Minha palavra nesta pastoral é para você que crê
em Deus, mas se encontra na situação do jovem que acompanhava o profeta Eliseu,
a temer a força e número dos inimigos à volta, prontos para arrebatá-lo. A
única coisa que lhe restou foi o desespero, expresso em suas palavras: “Ai! Meu
senhor (Eliseu)! Que faremos? Porque é exatamente isso que os inimigos de Deus
querem fazer conosco: quer que os temamos! Porque assim, minarão todas as
nossas forças, não permitindo que vejamos mais nada, senão a incapacidade de
acreditar, de ter a visão de que “os que estão conosco são maiores do que os
que estão com eles”.
Deus quer que você olhe ao redor e não veja
somente a opressão que o cerca, que lhe faz temer, que lhe faz desistir dos
“sonhos de Deus” para a sua vida. Deus quer que você olhe novamente e veja que
Ele já providenciou tudo o que você precisa: a libertação e a vitória sobre as
milícias do mal. No entanto, você pode estar perguntando: o que eu faço para
não ver somente a opressão dos inimigos e temer, mas para ser capaz de ter a
visão de Deus? A resposta está com o profeta Eliseu. Vamos seguir os seus
passos:
Seja conhecido como um “homem (ou uma mulher) de
Deus”: É um título bíblico que expressa a estreita associação de uma pessoa com
Deus. Na Bíblia, somente Samuel, Elias e Eliseu (1Samuel 2.27; 9.6; 2 Reis
17.18; 4.9) foram dignos desse nome. É verdade que, mais tarde na história do
povo de Israel, esse nome é substituído por “profeta de Deus”, que significa
aquele que fala em nome de Deus, aquele que é mensageiro de Deus. Isso
pressupõe, portanto, que o homem de Deus é aquele a quem Deus confia os seus
mistérios. A partir de Jesus, os homens de Deus passaram a ser chamados de
discípulos e discípulas a quem Deus dá a conhecer os seus mistérios (Marcos
4.11). Mas o grande segredo é que os homens de Deus não dão a si mesmos esse
título, nem mesmo os discípulos escolheram serem assim chamados. Aceitaram a
vocação de Deus e foram reconhecidos pelo povo. Com eles estavam os sinais de
Deus. Eliseu fez um manancial de águas más se tornarem saudáveis, multiplicou o
azeite da viúva, fez fértil o ventre de uma estéril, ressuscitou um morto,
multiplicou pães, curou um leproso, fez flutuar um machado e cegar um exército
inimigo (2 Reis 2.19-6.23). Aos seus discípulos, Jesus lhes disse que seriam
acompanhados de sinais: “Em meu nome, expelirão demônios; falarão novas
línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes
fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, ficarão curados” (Marcos
1617-18).
O poder da oração: Alguém já disse que oração é
ação. E é exatamente o que Eliseu faz imediatamente depois encorajar o rapaz.
Primeiro, intercede por seu discípulo: “Senhor, peço-te que lhes abras os olhos
para que veja”. Eliseu já havia sido discípulo de Elias e adquirido experiência
com Deus; agora era a hora de passar adiante. Sua oração nos ensina que é
preciso todo o povo de Deus ter a mesma visão, para que ocorra a mudança da
realidade. A segunda oração é mais ampla: “Fere, peço-te, esta gente de
cegueira”. A realidade é completamente transformada: os inimigos, agora, estão
subjugados. Mas o interessante na continuação da narrativa é que o homem de
Deus não responde à ação dos inimigos com a mesma “moeda”, mas os abençoa e
despede em paz. Hoje sabemos, com o apóstolo Paulo, que “a nossa luta não
contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os
dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais, nas regiões
celestiais” (Gálatas 6.12). A oração é a porta para o mover de Deus. Quando
oramos, Deus age.
Portanto, “não temas, porque mais são os que
estão conosco do que os que estão com eles”.
Otávio Júlio Torres